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Nota sobre o instituto de psicologia que queremos

Vivenciamos ao longo da nossa formação no Instituto de Psicologia da UFRJ diversas formas de opressão - de sexo, gênero, sexualidade, etnias, classe social, linguagem – e decidimos torná-las visíveis e acabar com a cegueira produzida e reproduzida institucionalmente: fizemos diversos cartazes com frases ditas por professor@s e alun@s recorrentemente e espalhamos pelo prédio da psicologia. Foi uma ação que nos proporcionou visibilidade num espaço onde somos minorizad@s nas relações de poder institucionais e nos sentimos muitas vezes coagid@s pelo medo das possíveis retaliações. Os cartazes foram os nossos dispositivos para iniciar uma mobilização em torno dessa questão.

Inicialmente, aguardamos silencios@s as repercussões que os cartazes espalhados poderiam vir a produzir. No Fórum do IP do dia 03/06, no entanto, falamos sobre os cartazes, sobre a nossa greve ter sido deflagrada pela necessidade de assistência estudantil e da urgência de uma universidade que seja para TOD@S, negr@s, mulheres, pobres, LGBTs e tod@s aquel@s que sofrem qualquer tipo de discriminação em nossa sociedade. Lutamos cotidianamente contra esse tipo de prática fora da universidade, e não podemos aceitar que, em um ambiente de produção de conhecimento tal como a sala de aula, elas ainda se mantenham. Dessa forma, não toleraremos mais nenhuma forma de discriminação e opressão no IP, nem tentativas de deslegitimar e abafar nossas denúncias.

No Estatuto da UFRJ (2013), está colocado que o ensino atenderá “à proscrição do tratamento desigual, por motivo de convicção filosófica, política ou religião e por preconceito de classe e de raça;” e o Código de Ética do Psicólogo indica que “VI. o Psicólogo colaborará na criação de condições que visem a eliminar a opressão e a marginalização do ser humano;”. Entendemos, portanto, que desta mobilização também devem fazer parte @s professor@s deste Instituto. Considerando a responsabilidade que cada docente assumiu quando formou-se psicólog@, todo o seu trajeto para tornar-se professor(a) de uma das mais renomadas universidades federais do país, e a posição de poder que ocupa, est@ precisa se atentar à responsabilidade e aos devidos cuidados com os discursos que produz e reproduz em sala (e fora dela), que podem vir a legitimar e perpetuar práticas opressoras e discriminatórias. Gostaríamos de destacar que muitas destas práticas são extremamente naturalizadas e com frequência surgem e se manifestam das maneiras mais sutis. Quando evitamos falar de alguns assuntos abertamente e de nos envolver, quando evadimos ou não ocupamos os espaços de determinadas discussões, estamos também nos posicionando, ou seja, produzindo e contribuindo para a manutenção dessas lógicas, e devemos estar atent@s a isso.

A partir disso, tomando a nossa realidade na UFRJ, como docentes e futur@s psicólog@s, devemos pensar: que profissionais o IP está formando? Psicólog@s que trabalham para essa manutenção? Ou profissionais que lutam pela transformação social, que defendem o direito de cada pessoa ser respeitada como ser humano? Queremos ser formad@s para a construção de autonomia e empoderamento, para a diferença, para a alteridade. E é por isso que não nos silenciaremos mais."

A nota foi lida nos departamentos de Psicologia Clínica, Social e Psicometria, tendo sido assinada pelos dois últimos. O Departamento de Psicologia Clínica escreveu uma nota sobre a iniciativa dos estudantes que será votada na próxima reunião. DPGE não realizou reunião na última semana.


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